Pilates e a Fisioterapia

O método de Pilates nasceu em meados do século XX, pela “mão“ do alemão Joseph Hubertus Pilates.  Inicialmente designado por Contrologia, era constituído por exercícios de baixo impacto, passível de ser usado por qualquer pessoa sendo descrito como um conjunto de exercícios projetados para a “correção de posturas erradas, para restaurar a vitalidade física e revigorar a mente e o espírito” (Pilates and Miller, 1998).

O foco no padrão respiratório, a concentração na execução dos exercícios, o alinhamento corporal, a atenção nos músculos abdominais, a fluidez do movimento, a precisão e o controlo sobre os movimentos efetuados constituíam os principais elementos chave deste Pilates Tradicional. 

Ao longo dos anos o Pilates foi evoluindo para se tornar, atualmente, numa valiosa ferramenta de trabalho para profissionais de diferentes áreas da saúde e do desporto.

Nas mãos da Fisioterapia assume a denominação de Pilates Clínico, definido como “um método corpo-mente cujo objetivo é melhorar o equilíbrio entre a performance e o esforço, através da integração do movimento a partir de um centro estável e cinestesia aumentada à periferia”. Partilha com o Pilates original o foco na respiração torácica-lateral, no alinhamento dos vários segmentos corporais em sinergia com o trabalho  da musculatura estabilizadora do tronco.

Enquanto exercício terapêutico, tem como objetivo a reeducação do movimento, conduzindo ao equilíbrio muscular e mental. É aqui que o Pilates e a Fisioterapia se cruzam, uma vez que a Fisioterapia visa desenvolver, manter e restaurar o máximo movimento e capacidade funcional ao longo da vida (Confederação Mundial da Fisioterapia (WCPT)).

Enquanto Fisioterapeuta, o método de Pilates constitui uma das minhas principais técnicas terapêuticas, influenciando o meu raciocínio clínico e decisão terapêutica. Permite-me uma intervenção adaptada aos objetivos e necessidades individuais de cada utente. Após uma avaliação inicial, que nos permite inferir sobre quais as alterações presentes na origem da dor, desconforto ou incapacidade, é elaborado um plano de intervenção do qual os exercícios de Pilates podem ser parte integrante. Para além disso, pode também assumir papel de destaque na prevenção da lesão e na promoção da saúde, cruzando-se mais uma vez com os objetivos e os princípios da Fisioterapia.

Nos últimos anos, vários estudos têm sido realizados relativamente à utilização dos exercícios de Pilates como instrumento de reabilitação, tendo sido demonstrados resultados positivos na redução da dor e da incapacidade. Sabendo que cerca de 80% da população ocidental apresenta pelo menos um episódio de dor lombar ao longo da sua vida e esta dor tem uma grande probabilidade de recidiva. O Pilates Clínico surge assim como uma importante ferramenta terapêutica, de forma isolada ou integrando um plano de tratamento efetuado pelo Fisioterapeuta. Este é um dos fatores que tem motivado a crescente procura de Pilates Clínico nos últimos anos.

Por ser uma modalidade de exercício terapêutico  é indicado para todas as pessoas, de qualquer idade ou género, com ou sem patologia associada. Casos de lombalgia, cervicalgia, alterações posturais, osteoporose, mulheres grávidas e no pós-parto são algumas das situações clínicas que podem beneficiar da prática regular de Pilates Clínico.

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