São cada vez mais os estudos que demonstram a importância de parar para respirar, abrandar o ritmo diário de stress e ansiedade e dos seus benefícios para a nossa saúde física e mental. Também o nosso pavimento pélvico (PP) é influenciado pelo dia-a-dia, sofrendo com a agitação diária presente no nosso quotidiano.
O PP assume um papel de destaque na ligação do tronco superior com os membros inferiores sendo importante para as transferências de carga e para o equilíbrio. Maioritariamente constituído por tecido muscular, tem a capacidade de contrair e de relaxar e, tal como outros grupos musculares, necessita de cuidados para manter a sua funcionalidade otimizada.
A procura da ajuda de um Fisioterapeuta para o alívio de dor pélvica ou sintomas como perda de urina/fezes, obstipação, prolapsos ou dor durante a relação sexual é ainda escassa. No entanto a Fisioterapia, integrada numa equipa multidisciplinar, dispõe de ferramentas terapêuticas para ajudar na resolução destes sintomas. Uma dessas ferramentas, e talvez a de maior importância, é a educação ao utente.
Esta educação e ensino passa pela explicação sobre o que é o pavimento pélvico e como funciona. Percebendo a sua importância e relação com o nosso bem-estar geral, será mais fácil para o utente compreender de que forma os comportamentos e hábitos diários podem influenciar positiva ou negativamente a função deste grupo muscular e consequentemente a nossa qualidade de vida.
Quais os comportamentos diários que nos ajudam a manter o PP saudável?
– Não adiar as idas à casa de banho: Vivemos um dia-a-dia apressado, sempre a correr de um lado para o outro. Nesta correria, não ouvimos o nosso corpo e não o respeitamos. Adiamos muitas vezes a vontade de urinar ou defecar em prol de terminar tarefas que temos em mão, ou simplesmente porque não queremos ir ao WC fora de casa. Este adiamento, que todos nós já experienciamos, é conseguido à custa de uma contração dos músculos do pavimento pélvico. Este comportamento perpetuado vai levar ao aumento da atividade do PP e dificulta a sua capacidade de relaxamento.
–Sentar SEMPRE na sanita: Lembro-me de ser miúda e a minha mãe dizer para NUNCA me sentar numa sanita fora de casa. Ora, a única alternativa era fazer em agachamento, o que conduz ao aumento da tensão dos músculos vizinhos do PP e consequentemente à sua contracção mantida. É importante sentar na sanita para que o PP possa relaxar e permitir que ocorra a micção ou defecação sem contracção do períneo. Hoje em dia existem toalhinhas que podemos usar para desinfectar ou forrar o tampo da sanita com papel.
–Sentar na Posição correta: O mesmo acontece com a posição de defecação à qual não prestamos atenção. O ideal seria apoiar os pés num banco com 20 a 30 cm de altura, inclinar o tronco para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, permitindo o relaxamento dos músculos abdominais e do pavimento pélvico.
–Cuidado com a alimentação e exercício físico: Uma alimentação e hidratação adequadas são fundamentais para garantir o normal funcionamento dos nossos intestinos. A falta de exercício físico contribui para a diminuição da mobilidade da pélvis, podendo levar a alterações da nossa postura, ou vice-versa. Estas alterações posturais podem levar ao encurtamento dos músculos do PP, afetando a sua função.
– Evitar estados de stress e ansiedade: Imaginemos o cóccix. É nele que se inserem quase todos os músculos do pavimento pélvico. Quando estamos stressados, preocupados ou com medo, a nossa tendência é “encaixar” o cóccix, fazendo lembrar a expressão “meter o rabo entre as pernas”. Este encaixe conduz ao encurtamento do PP. É importante parar para respirar, alongar, e relaxar de forma a aliviar a tensão não só do períneo, mas do corpo todo, aumentando a nossa sensação de bem-estar.
No início de mais uma semana, aceite o desafio e adopte alguns destes comportamentos para a sua rotina diária.
