Disfunção do Pavimento Pélvico

O pavimento pélvico é constituído por diferentes estruturas e grupos musculares. É fundamental e indissociável do “todo” que é o nosso corpo mantendo uma estreita relação com outros grupos musculares como o diafragma, os multífidos e o transverso abdominal, importantes para a estabilidade do corpo.  Maioritariamente constituído por tecido muscular, tem a capacidade de contrair e de relaxar e, tal como outros grupos musculares, necessita de ser cuidado para manter a sua funcionalidade otimizada.

Para além da capacidade de contrair/relaxar, tem também uma atividade tónica, de repouso, que auxilia a continência e a manutenção de uma postura adequada. Esta atividade é inconsciente mas pode ser inibida conscientemente para urinar, defecar ou permitir que a penetração ocorra. No entanto, é cada vez mais comum encontrar utentes com alterações desta estrutura, apresentando quadros de hipotonia (diminuição na força de contração) ou hipertonia (encurtamento destes músculos e incapacidade de relaxamento). Estas alterações podem estar na origem de sintomas como incontinência urinária e/ou fecal, dor perineal, dificuldade em conter os gases, obstipação, dor ou dificuldade na relação sexual que refletem uma disfunção dos músculos do pavimento pélvico. Frequentemente estes sintomas são associados a um períneo “fraco” no entanto, estudos recentes  mostraram que muitas destas situações têm na sua origem um pavimento pélvico  encurtado, capaz de contrair mas que não consegue relaxar.

Um pavimento pélvico  “encurtado” é potenciado por muitos dos nossos hábitos e estilos de vida diários. Corremos de casa para ao trabalho, do trabalho para casa. Nesta correria, não escutamos o nosso corpo. Uma vontade de urinar que é adiada porque agora não dá jeito ou um intestino que quer esvaziar, mas só pode ser em casa.  Esta inibição ou atraso no esvaziamento da bexiga ou intestino é conseguida á custa de uma contração voluntária dos músculos do períneo , obrigando-os a trabalhar em sobrecarga. Exercício de alto impacto, trauma direto ou cirurgia (parto e episiotomia), alterações posturais (posturas mantidas e assimétricas) conduzem também a um encurtamento destas estruturas, assim como a  ansiedade e o stress , muito presente nos dias de hoje.

Perante um quadro de disfunção do pavimento pélvico, a Fisioterapia assume um papel de destaque na avaliação e tratamento deste grupo muscular.  Uma das ferramentas usadas, e talvez a de maior importância, é a educação ao utente. O conhecimento do funcionamento e importância desta estrutura,  vai conduzir-nos à adoção de hábitos diários que nos permitam manter um períneo saudável como a pática de exercício regular, uma boa alimentação, hidratação e sobretudo, respeitar sempre a vontade de ir ao WC .  Os exercícios de consciencialização destes músculos e da sua adequada contração e relaxamento, ensino e consciencialização do padrão respiratório , alongamentos, reeducação postural global e técnicas específicas de terapia manual, constituem importantes estratégias terapêuticas que visam restaurar a função do pavimento pélvico

Na presença de algum destes sinais ou sintomas, é fundamental procurar ajuda. Fale com o seu médico ou fisioterapeuta. A Fisioterapia apenas atua na função dos músculos do períneo.  Para garantir o sucesso da recuperação o ideal será sempre uma abordagem multidisciplinar com Ginecologista-Psicoterapeuta/Terapeuta Sexual-Fisioterapeuta.

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